domingo, 14 de dezembro de 2008

Sobre contos e crônicas


A palavra crônica deriva do latim chronica que significava, no início da era cristã, o relato de acontecimentos em ordem cronológica.
Era, portanto, um breve registro de eventos.
No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris. Esses textos comentavam, de forma crítica, acontecimentos que haviam ocorrido durante a semana. Tinham, portanto, um sentido histórico e serviam, assim como outros textos do jornal, para informar o leitor. Nesse período, as crônicas eram publicadas no rodapé dos jornais, os "folhetins". Essa prática foi trazida para o Brasil na segunda metade do século XIX e era muito parecida com os textos publicados nos jornais franceses. Com o passar do tempo, a crônica brasileira foi, gradualmente, distanciando-se daquela crônica com sentido documentário originada na França. Ela passou a ter um caráter mais literário, fazendo uso de linguagem mais leve e envolvendo poesia, lirismo e fantasia.
Já o conto é ... também ... uma narrativa curta.
É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens que existem em função de um núcleo. Pode ter um caráter real ou fantástico da mesma forma que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.
Lendo assim, parece um pouco fácil distinguir conto de crônica.
Mas não é.
Ambos se misturam.
O que me leva a entender que uma das diferenças "sombreadas" entre uma crônica e um conto, é que ela é temporal e ele é atemporal.
Ainda penso que em ambos, a história não tem de ser obrigatoriamente verdadeira, mas parecer que o é.
Ah, se eu me preparasse para responder isso antes!
Fica aqui uma historinha:

Conta-se que uma vez Matisse mostrou a uma senhora um quadro em que havia pintado uma mulher nua; sua visitante retrucou: “Mas uma mulher nua não é assim”. E Matisse: “Não é uma mulher, minha senhora, é uma pintura”.
E daí se escreve um conto.

Nenhum comentário: