segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sempre aquela vaga ideia do que nos espera

Mais uma vez com o mesmo amigo. Agora em outro cenário. Restaurante Gula Gula, no Rio Design Barra. Entramos para degustar uns goles de vinho.
Numa mesa em frente, um grupo de oito meninas, sentadas como se fossem adultas numa reunião empresarial. A mais velha deveria ter doze anos. Logo via-se que era a líder do bando mirim. Engraçada, falante, agitada, teclava e fuxicava ininterruptamente seu aparelhinho celular, que "como não poderia deixar de ser", era um iphone de última geração, enfeitado e encapado com orelhas de coelho; moda constantemente vista nesses modernos utensílios "domésticos" e por que não dizer "utensílios quase acoplados na maioria dos corpos humanos"?!! A menina via que eu a observava. E daí mexia-se mais, olhava mais para todos os lados, falava mais. Notei nela algo de mim. E passei a olhar, perceber e relembrar tudo o que ficou pra trás, os anos partidos ou deixados pelo tempo.
As garotas estavam no Gula Gula, comendo pratos caros, bem comportadas e portadas com seus cartões de crédito ou débito. Fossem do pai ou da mãe tais cartões, também eram delas. Lembrei da minha infância e adolescência. Também me sentia adulta. Se saía sozinha com as amiguinhas? Sim. Se era mandona como a líder do bando mirim? Sim. Se me achava a esperta, a promessa de inteligência e atitude para os próximos anos? Sim. Se pensava em ter altos ganhos onde quer que eu fosse trabalhar, pois eu tinha competência? Sim. Se eu queria que só os bons de índole e os mais educados se destacassem na selva urbana? Sim. Mas quando a gente cresce e sente na pele que tudo o que a gente sonha leva talvez uma vida inteira para acontecer e a passos lentos, eu só tenho a dizer pra elas em telepatia ou em sopro de vento: Meninas... Aquelas meninas... Elas não sabem o que as espera. Ouçam mais músicas que falem sobre o que é viver numa selva.