segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Maria de Deus

Nossa! Faz tanto tempo que não venho aqui no meu blog... E agora vim para dizer que o ano está terminando, e que dois mil e dezoito fecha suas portas com chave de ouro desmascarando mais um hipócrita religioso. Seres humanos se valem da crença, da fé, do desespero alheio para ditar regras, comandar, usurpar, ordenar, humilhar, pisar com todo o peso em cima daqueles que são julgados como um rebanho de inferiores. Geralmente o poder está no dinheiro e no sexo. Sempre foi assim. E nunca quiseram mudar. Estranhamente são as mulheres que levantam as pautas de abusos morais e sexuais, mas não somente elas sofrem ou passam por determinadas experiências desagradáveis.
Ao que parece, homens lidam um pouco diferente nesse departamento, porque quando violentados, se calam, se envergonham, se fecham em seus pensamentos, e talvez depois se tornem seres violentos, perigosos, cheios de traumas. Quando adultos, boa parte passa a frequentar analistas (se têm dinheiro para gastar com o tratamento), mas não se curando, viram psicopatas da sociedade, em graus tolerantes, não nocivos a ponto de matar. São eles, os caras que fazem as namoradas e amigas interessadas em gargalhadas, amor e sexo, mulheres de fino trato e também de gato e sapato. Ao simples sinal de um mínimo poder aquisitivo, quem dirá um máximo, tratam mulheres igual a bibelôs e acompanhantes, bancando tudo, desde restaurantes e passeios, a viagens e passagens aéreas, tão logo não admitem uma troca justa neste sentido, ou seja, se eu te como, você me dá... Se eu sou o homem, você é a mulher, se eu te banco eu me aproveito de você, e você então, concorda calada e sorridente; é o tal ato machista e pré-histórico se repetindo, se reproduzindo, virando regra, e algumas delas, na imensa maioria, respeitosas e de família, ainda proclamam que tudo isso é lindo, romântico, ele será o meu marido e concordam. Feminismo passa longe.
A vida é violenta e algumas mulheres não aprenderam isso. Continuam errando em lutar pelos direitos femininos, porém aceitando mimos masculinos e berrando se eles as tratam como objetos. Paranoicas para eles, controversas para nós mesmas, deprimentes e repudiantes. Logo, muitas não sabem se defender de maus tratos, pois o costume é serem tratadas a pão de ló. A hora é agora, está na vez das mulheres de todas as classes e idades saberem que a principal pessoa a nos defender somos nós mesmas. Somos cidadãs adultas e formadas que conquistaram a sua liberdade de ir e vir, e temos voz, temos noções de direito e sabemos lutar com nossas armas. Não precisamos de armas de Jorge nem de nenhum João de Deus. Somos muitas, somos Marias, somos deusas, somos ninfas, somos poderosas, sim, nós somos. Somos sinistras, somos feiticeiras, somos anjos e devemos ser do bem. Juntas, somos fortes. O medo não pode nos calar. A natureza nos deu o poder do grito, o poder do olhar e o poder da mão, do afastamento, do não. Se os homens conseguem se livrar de mulheres loucas, chegou o tempo de conseguirmos nos livrar desses loucos também. O mal estar não pode mais pairar em quartos fechados. Dois mil e dezenove vem aí para abrir as janelas e deixar o sol entrar. Que todas as Marias se valorizem e não se envergonhem de praticar a autodefesa. Quem defende a Maria é ela mesma. O instrumento principal da mulher é o cérebro, depois o sexo. A religião é um paliativo a ser usado com cautela, para aliviar o que nos aflige, nos atormenta, mas não façamos com nós mesmas a besteira de entregar tudo na mão de Deus. É um perigo achar que Ele resolve as nossas vidas, é um perigo deixar tudo a Deus dará. Maria, pelo amor de si mesma, ensina Deus a ser bom, mostre um caminho da salvação que seja inverso ao dele, sem amarras.