quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O tempo perguntou ao tempo quanto tempo ele tem

O tempo controla o homem, o homem controla o relógio, o relógio controla o tempo de todo o tempo. Hã? Ah, é... Então quer dizer que o relógio também controla o homem de todo o homem. Sim! Complexidade e simplicidade unidas. Controladas. Enfim, caímos na era das máquinas. O controle é delas. Seja por meios virtuais, por meio de papeis ou de números, as máquinas dominam nossas vidas. Crianças, jovens, adultos, idosos. Vamos observar seus passatempos favoritos. Estar dentro de máquinas?!! Sem pensar muito, logo veremos que os hobbies de liberdade foram substituídos por hobbies aprisionantes. Aprisionadores? Aprisentados? Aprisionados. Correto? Prisão, aposento, aprisãoposento. Praga dos costumes. Culpa dos hábitos. Tormento das crenças e dos crentes. ...Que estão podendo.. Se o Mia Couto inventa palavras, e se o Guimarães Rosa também inventava, então, porteira aberta para a entrada de novas invenções. Ainda há liberdade para isso. Tempo, tempo, mano velho. O tempo não para. O Parangolé Pamplona você mesmo faz. Faz um, dois, três dias que penso... tem muita gente escrevendo igual, imitando estilos. Contudo, existe muito pouca gente fazendo. E quando resolvem fazer, entram em sua bolha e..., escrevem mal. A dona aqui não está ilesa. Essa coisa de sorte de escrever bem ou mal não tem nada a ver com competência. Nada a ver com nada. É como um bingo ou um outro jogo de azar. Nem a matemática explica. É pura loteria escrever, publicar, dar na telha de alguém ler, dar margem a mais algum bom figurão aprovar, selecionar e fazer valer; daí, promessas e cumprimentos de lançar e te colocar no centro das atenções momentâneas. Kafka, George Orwell, Platão, Paul Rabbit, 1984 e os 15 minutos de fama também passaram por estas cabeças. Passarinho e passarão. Como vai ser seu próximo ano, hein? Planos e metas para 2014? 2013 foi do jeito que você kiss ou kwazzi? ...Omo? Kuat? Você não inventou nada? Dá tempo ainda! Corra, Lola, corra! E não perca tempo se perdendo por aí. Esse blog, pensei... putz, deu vírus; repentinamente uma virose de vaca louca e quase perdi. Um antigo site que eu amava perdi. O Pin me Up foi-se embora com meus textos e fotos, pra não sei quando, talvez um dia remoto e improvável voltar. Serei eu ressarcida dos ex-prejuízos virtuais? Ninguém mandou menina, não salvou seus textos, suas poesias, pensava tanto, tanto, tanto em lançar livro de fatos e fotos sensuais-sensoriais-sexoriais... Sensacionais. Deu em manga rosa. Chupou? Deu em uva. Passou. E só para te lembrar, porque o nosso ano treze já está pra findar: O relógio está marcando o passo e o tempo perguntou ao tempo: Quanto tempo o tempo tem? O tempo respondeu ao tempo, que não tem tempo de dizer ao tempo quanto tempo o tempo tem. Reflita... O tempo tem sempre um dedo podre, um dedo mole, um dedo torto e um dedo duro. Você escolhe, um, dois, três, ou joga tudo fora, corta essa dedaiada de uma vez. E deda-se! Sobrou um quarto. E uma máquina!!!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Cada um com suas questões e suas canções

Hoje falo dos "cabeças de camarão" e das "dores e delícias" de ser mulher. Falo de som, falo de escrita, falo de letra e de música. Mas não falo de falo. Nem falo de pão com queijo e Cate Blanchet, ops, blanquet! (Trocadilho infame). Não quero falar dos que preferem comprar televisão a comprar livro. (Observação sarcástica). Mulheres que correm com os lobos e homens que não amavam as mulheres. (Viram livros, viram filmes). Ah... Ouvir música americana e esquecer das brasileiras. 'Pegar uma onda maneira, dar cut back, hang five, hang ten e ser o melhor surfista da rua'. Ou 'chorar lágrimas de crocodilo, não diga nada para a sua mãe'. (João Penca & seus Miquinhos Amestrados). Não saber dançar tão devagar pra te acompanhar. (Marina Lima). Pense, dance, pense. Pense e dance. Pense e dance, pense sem parar. (Barão Vermelho... sem Cazuza, só Frejat). Daí..., vão-se os camarões 'vêm-se' as delícias. 'Alice não escreva aquela carta de amor'. (Kid Abelha & os Abóboras Selvagens). Mas, a delícia viaja e o camarão fica encostado em outra praia. 'Quando você voltar, a lua vai estar cheia e no mesmo lugar'. (Biquini Cavadão). 'Nada de mais, nada através, uma légua e meia, ô, uma brasa incendeia, ô..., you, you, you. Deixa o sal no mar, deixe tocar aquela canção...' (Paralamas do sucesso). Um tempinho passa, um pouco de saudade vem e... 'Fale mal de mim, fale o que quiser de mim. Mas por favor, não deixe que em nenhum momento eu deixe de estar no seu pensamento'. (Autoramas). 'Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver'. (Roberto Carlos). São meros detalhes. 'Eu sou a mosca que pousou na sua sopa'. (Raul Seixas). Bota pouso e pousada nisso. Mas a grande questão e a grande canção, sai sempre de mentes desconfiadas. Como a minha. Como a dele, que jamais teve titica na cabeça; talvez só no coração. Logo, deu no que deu. E realmente, nós não podemos continuar juntos com essas desconfianças. // We can't go on together with suspicious minds. And we can't build our dreams on suspicious minds...

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Dos 13 aos 16, existia um campinho de concentração

O trem para o holocausto era mensal. Um carro, guiado por minha mãe, me conduzia todos os meses saindo de Bole Bole e trafegando pelos túneis Zazen, Agal, Sense ou pelo Alto da Mali. Destino: HCB, mais conhecido como Hospital Central Bonieux. Filha de administrador e farmacêutico, sou isso, quase uma adolescente saída do filme "Garota Interrompida". Mas afinal, não era essa película mesma que meu pai usava de exemplo para fazer altas chacotas da mocinha aqui? Só não entendia se ele me comparava à personagem da Wynoma ou da Angelina. Ambas perturbadas, veja e note, pare e pense; até hoje elas são assim. Rider e Jolie tornaram-se belas mulheres; problemáticas também. Abafemos o caso. Problemas, quem não os tem? Falando neles, cá estou a lembrar dos meus dentes, dos meus quinze anos, das festas boas e cafonas, dos penetras sempre arrumadinhos; meninos engraçados e espertos; das danças, das valsas, das músicas, das modas daquela época, dos passinhos, dos meus 13 aos 16 anos. De Boavista para Bole Bole. De menina boa aluna, good girl, para a garota rebelde, crazy girl. Vixe, eu aprontava! Quando a gente ri do que lembra, é sinal de que o que passou foi bem aproveitado. E foi. Meu dentista me fazia sentir que havia uma marcha para o campo de concentração. Ao anunciar a próxima paciente: PODE ENTRAR, ROBERTA!, já me mexia preocupada e levantava das cadeiras da sala de espera caminhando tensa até a sala de tortura. Doutor Willem, era um tipo de alemão brutão. Bem claro de pele, com braços peludos, numa penugem escura..., devia ser torcedor de algum time de futebol alvinegro. Impossível que fosse Flamengo, Fluminense..., sem a menor possibilidade! Talvez tendo outras cores pudesse ser mais gentil, delicado, carinhoso. Como ele maltratava minha arcadinha dentária, minha mandíbula, minhas gengivinhas, meu céu da boca. Sabe que tenho um furo no céu e acho bem que foi a agulha da anestesia mal mirada saída da mão pesada dele? Abro a boca em frente ao espelho, examino e fico com essa dúvida na cabeça. Dr. Willem, você não era o "Meu malvado favorito"..., não mesmo! Pois bem, o holocausto, os campos de concentração e Auschwitz existiram certamente em outros cenários, locações, épocas. Judeus que me desculpem, mas vocês não foram os únicos torturados. Há vítimas por todas as partes. Naquele laboratório de dentistas mascarados, nós éramos testados. Cobaias lado a lado. Cadeiras elétricas com instrumentos bucais. Isso aos treze. Aos catorze, expectativa... Festa de quinze anos, por exemplo: Não fiz. Não quis. Por causa do meu nariz ou da minha cicatriz? Não. Causa dos meus 'dentisss'. Usava um aparelho tenebroso, fixo, metalizado, enlatado. Sorriso do homem de lata, de Monalata, cinza. Iria estragar as fotos; ora séria, ora com dentes argenta. Menina má, de boca prateada, fosca. Daí optei por nada. E fui forçada a desinventar o nada. Viajei pra Disney. Tudo pago por papai. Papai manda, filhinha desobedece. Esqueci que transportava na boca aparelhos fixos, anéis, parachoques dentários. Resultado de fotos e filmagens? Tétricos. Só trouxe de bom daquela viagem lembranças de romances engraçados. Os cacarecos não importam. Mickeys, CDs, tênis... se procurar ainda acho em algum baú velho. Mas o que marca não são as coisas, são as memórias. Eu e um paulistinha, 15 e 16 anos, beijos e amassos cinematográficos após um pequeno porre de copinhos plásticos de cerveja americana. Cenário pitoresco: um deck dando pro mar, ou seria lagoa? N'hotel Sheraton de Miami, já não sei se era água doce ou salgada que corria. O que sei é que eu corria do médico da excursão e da guia. Tinham um caso e ninguém sabia. Mas faziam questão que todo mundo soubesse... Toda noite, antes de dormir, eles me expulsavam do quarto que eu dividia com ela, a Valeria. Sabe o que ela era? Argentina. E ele, el bigodon, o médico de araque, me diagnosticou com febre numa noite de verão qualquer. Atrapalhou o romance da menina febril com o paulistano infantil. Enfim, o que aprendi dos 13 aos 16 é que a vida passa rápido demais se a gente seguir sempre ganhando, se esquivando, fugindo do "alemão". É preciso saber a arte de perder; mesmo que pra isso deva-se ler ao menos uma vez algum poema que fale de perdas e danos, que mostre flores raras, que traga à tona 'uma turman' ou Elizabeth Bishop.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A história de amor do golfinho e da baiacu

A baiacu formosa era bem mais madura, já tinha alguns anos de contramão. Era um peixe safo e vacinado, tinha cicatrizes na pele, fruto de suas peripécias aquáticas. Ela passeava leve e solta, sempre sorrindo, com seus olhões bem abertos, pelas águas, ora claras, ora turvas. O golfinho era galã, formado em distração, surfava livre deixando peixinhas grandes e pequenas apaixonadinhas quando caíam em sua rede. Segundo ele, elas até choravam. Segundo elas, ele era bem exagerado. Tinha excesso de hormônios e também uma sede elétrica pelo óleo das embarcações que cruzavam o raio onde nadava. Numa bela madrugada, antes do amanhecer, golfinho parado, baiacu dançante, amigos peixes por perto, festa no mar, banda de caranguejos tocando, um tubarão rondando, lagostas observando e ele chegou nela. A baiacu, sempre alerta, com seus dentes brilhando, continuou a bailar. O golfinho, tímido mas muito obstinado, não arredou o rabo e as braçadeiras. Chegou junto, encarou aquela boquinha e as barbatanas da baiacu. Ela até gostou. Ele era quentinho. O mar estava calmo, tranquilo, sem ondas. Nenhum outro peixe quis atrapalhar a cena. A "colazione" e o "pranzo" viriam logo em seguida. Muitas horas depois. Muitas, diversas, demasiadas, infinitas horas. Golfinho resolveu segurar a baiacu. Mordia e soprava, pra não dar tanta certeza. Afinal, certezas, quem as tinha? A festa no mar estava bem boa. Baiacu gostou de colar com golfinho. Golfinho curtiu balançar com baiacu. Nenhum dos dois sabia, mas Eduardo e Mônica, Renato Russo já dizia. Baiacu linda, grunge, golfinho bonito, gastador de onda. Todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa que nem baião-de-dois. Mas Cazuza disse, suporte baby, baby suporte. Só não me xingue, só não me xingue, de sub sub sub sub sub o quê? Você é um golfinho. Eu sou uma baiacu. Claro que não! E acordam do sonho. Puf! Quem fez pum? Você, não se lembra? Eu, não! Tá. Me leva pra casa? Espera a minha irritação passar. Deixa eu ver esse programa. Plaza de Toros. Já estive lá. Madrid. Festival de motocross. Já não estamos mais no mar. É a Terra. Pronto, passou. Vamos? Bora, Bora. Acabou. O mar secou. Até uma próxima maré alta. Quando a maré encher, quando a maré encher. Delfin.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eu gosto de 9

Sabe aquela situação do "prefiro isto a aquilo"? Pois é. Entre nove e dez, prefiro o nove. A começar pelas provas e testes valendo nota. Pra mim, quem tira o louvável dez simplesmente não aprendeu tudo, decorou toda a matéria. Tanto que se o professor perguntar de novo, a pessoa "esperta" não vai saber responder, ficará na dúvida, e se outro aluno indagar com um "alto e sonoro": -Ué, mas você não gabaritou? Como é que não sabe?... Pronto. O outro lá, o sabichão, se transformará num "X-Man" imediatamente e acionará seus super poderes, sua cara de peixe, seus olhos "cegantes", as garras e presas de Wolverine e até seus poderes congelantes de Tempestade ou paralisantes de Vampira, toda essa gama e maçaroca pra cima do indivíduo que o desmascara em plena sala de aula. Por isso um 9 soa mais digno e evita turbulências desnecessárias. Aliás, existe alguma turbulência necessária?Enfim, nem todo mundo sabe, mas quase todo mundo sabe, que ninguém sabe nada, ou quase nada. Daí, hoje em dia, pouco me estresso com provas escritas ou orais, pois um 10 eu não quero. Vendo. Quer comprar? Faço questão mesmo é de saber o que não sei, porque o que sei já está sabido, registrado. Me interessa acertar o que ainda não captei e para acertar, antes tenho que errar. Não há vergonha nisso. Fosse assim, nunca teria aprendido a andar de bicicleta ou patins, a nadar, a beijar, a jogar, a dançar, a falar, a escutar. Escutar é difícil. Difícil mesmo. Há muito barulho lá fora e dentro da gente. E contar até nove dá um alívio momentâneo aos rumores do dia a dia. Os números são coisa simples. Pelo menos para Pitágoras eles eram... E a numerologia, não sei quem inventou, mas também é plena em sua simplicidade.Aprendi aos 12 anos, lendo revista Capricho, e nunca mais me esqueci que a soma de 10 é igual a 1+0, que é igual a um, e que cada número de 1 a 9 tem um belo significado, além de que, há dois números ilustres, muitas vezes raros, o 11 e o 22; estes não devem ser somados. Estava lendo a pouco, que também tem um 33, mas esse desconheço. Para quem lê e não entende, vai aqui uma tabela, válida para países de língua portuguesa ou estrangeira, que contenham em seu vocabulário letras de A a Z, incluindo J, K, X, W e Y:Mas como se dá a numerologia na Itália, se em seu alfabeto não existe a letra J? Estudando italiano, descobri que a letra J não existe. Lá eles a substituem por G ou I. Funciona diferente a numerologia no país "da botinha de cano alto" para quem se chama Juliana, Jorge, e para quem faz aniversário em junho, julho ou janeiro. Só as Giulianas que nascem em Gennaio, Luglio ou Giugno é que podem responder. As Jéssicas, Jussaras e Joyces, essas, não sei. Ainda bem que J vale 1 não vale 9! Contudo, segundo as regras do jogo, o número 1 é dos chefes, o número 2 das pessoas sensíveis, o número 3 dos prazerosos, o número 4 dos trabalhadores, 5 dos aventureiros, 6 dos harmônicos, 7 dos filósofos, 8 dos poderosos, 9 dos humanistas (ah, como eu gosto a cada dia mais desse número, vá lá... tão humanoide!), e, ainda há os importantes números raros, 11 e 22 que são, respectivamente direcionados para os visionários e para os gênios. A iluminada PARIS somada dá 9. Realmente, é uma cidade bastante humanitária, humanista, humanística. Até pouco tempo atrás era! Viva a liberdade, a igualdade e a fraternidade! Falando nisso, o 9 nas idades limite: 19 - 29 - 39 - 49 - 59 - 69... opa! Que beleza e que harmonia num 69!... 6+9 dá 15 e 1+5 dá 6. Número harmônico e um tanto tântrico! Crise nos 19?... Pra que se você quer se tornar um chefe? Parta pra cima e vá! Preocupação aos 29?... Você está pretensiosamente se tornando um visionário. Então, "go ahead and don't worry, be happy"! Aos 39, hum... está preocupado com o que, se o prazer te chama? Vá alcançá-lo! 49... OK, já se deu conta de que tem quase meio século? Você trabalhou muito e agora merece descanso ou mais trabalho? Escolha a mão que vai tomar e não olhe pra trás. 59... Tem quase sessenta? Senta e pensa numa aventura boa que ainda não realizou. Realize! 69?... De novo?... Já disse que está tudo em harmonia. Daqui pra frente é só seguir, até onde der pra chegar, numerando ou zerando, só pra variar... No véu, no vá, no vô, no vê, no vi, no vu. Noves fora?... Ah, e é claro que a partir das nove horas você pode dar de presente sim, uma boa 'vu-vu-ze-la'... só pra ela!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Estraga o Onofre

Acabo de voltar de uma temporada na Itália. Em dezembro passado adquiri cidadania italiana, logo resolvi conhecer um pedaço de minhas origens. De passaporte europeu nas mãos, embarquei para o Vêneto, no norte frio, e lá me instalei numa cidade pequena chamada Pádova. La vita è bella... Non te preocupa, ragazza... Non siete soli... Allora... Adesso... Quindi... Concatenando as ideias... O que mais ouvi num curso que fiz foi isso. Palavras saídas da boca da dona e da professora do Instituto. Ora, ora, que instituição... Tão perdidos na língua e sozinhos na cidade quanto eu. Quero fazer um poema, uma poesia, um conto, uma prosa ou um verso sobre essa história. Não sai nada. Ainda não sai nada. Foi tudo tão corrido, que para completar, parece que não fui. Meu passaporte está sem um carimbo. Que ironia... a brasileira que virou europeia e não foi carimbada. Temos tantos papeis escritos, tantos papeis representativos... Imposto de renda, carta de identidade, CPF, CEP, endereço fixo, endereço virtual, título de eleitor, carteira de trabalho, cheque, conta bancária, P.I.S, receita de bolo, boleto de banco, agenda, calendário, livro, caderno, lição, medidas, tudo escrito e contado. E eu não sei contar o que houve. Está tudo registrado, mas não sai da minha cabeça, não entra no papel, nem quer entrar na parte branca do Word, reservada para digitação, neste laptop. Ele foi comigo, o laptop. Também voltou afetado. Onofre. Alfredo. Vou ter que me ausentar. Ajudar no preparo de um belo estrogonofe. Volto em breve. Para tentar contar o que é necessário e salutar. Comer. Rezar. E amar. Encontrando a ordem. No calor dos neurônios. E na clareza obtusa do fogão.