segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Viva toda a ousadia

No final de cada ano, todos fazemos um balanço de vida pra lá de comum e descobrimos ao fazer isso, que o bom mesmo é criar algo novo e diferente, avançar por territórios ainda inexplorados, em vez de se fixar nas tão batidas retrospectivas. Ao pensar nisso, decidimos, eu e uma amiga, que todas as terças-feiras do calendário romano faríamos uma conversa informal sobre assuntos do cotidiano, e que o horário ideal seria no final do dia, sempre às nove e meia da noite com uma duração de cinquenta minutos. Depois esse tempo iria gradualmente sendo minimizado, editado, enxuto. Combinado isso, agora era a vez da nossa conexão entrar ao vivo e a cores. E ela surgiria de onde? A princípio, do Instagram, um canal de aparições onde você verticalmente pode encarar e olhar frente a frente tudo o que acontece, sem precisar dar cara à tapa, sem sentir dor, sem punição, sem piedade e sem pieguices. Somos dessas amigas despretensiosas com mais de quarenta anos de idade, porém com vinte e poucos anos de idade mental, e isso é tão pouco normal, sendo que exatamente por isso, a união é especial e ideal. Duas mulheres falando de cidades diferentes e distantes, sozinhas, sem marido, sem filhos, sem neuras, sem amarras, com objetividade, com razão, com emoção, tudo dentro de um físico legal, nos conformes, nos informes e abordando tudo, ou quase tudo. Afinal, o lema é ousar dentro e fora da net e nela poder falar de qualquer assunto; hummmm... bem... bom... mais ou menos! Vale lembrar: somos originais, correm por nós vasos e veias cômicas. Logo, diante de tantas coisas clichês ou banais, estamos lançando o "Ousando na Net"! Pode vir, pode olhar, vem sorrir e vem seguir a gente! Vá buscar o vinho, nós já mandamos te entregar o pão! Do Instagram, ao vivo todas às terças, entramos na sua casa também pelo Youtube, a qualquer hora do dia! Só nos buscar clicando em : ousandonanet e estaremos lá a postos para te fazer ir mais longe do que rir: gargalhar!

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O podcast apagado

Em meados de dois mil e dezesseis até o final do ano de dois mil e dezessete, um grupo de amigos do Rio de Janeiro se reuniu para fazer um podcast. A ideia e a execução deram super certo, vários episódios foram gravados e os assuntos, dos mais variados, eram escolhidos através de encontros virtuais combinados por Skype pelo grande criador, desenhista e crânio, rei dos temas polêmicos que de repente se rebelou. "O MAU E O MAR"... Ele passeava pelo consciente e inconsciente de cada ser que caía em sua teia. Depois desenhava na boa e na sua maneira a cara alheia. Não, ele nunca titubeia, quer saber da vida que nos permeia. No passado criou personagens, deu vida, deu fala e desenhou até quem lhe chateia. Conduziu bem um programa de entretenimento que pela internet, em alguma nuvem passeia. Seu sítio já esteve cheio de animais adestrados, uns, metade humanos, outras, sereias. Gostava de abordar temas que circulavam das águas paradas até as cachoeiras. É Mau, é Bom, é o Mal e é o Bem, vai muito além. Você pode tentar recuar, tentar desvencilhar, desviar o olhar, parar de falar. E logo será pego de surpresa, assim que relaxar. Nem vem, nem tente segurar ou subestimar esse homem com careca de neném." E assim, foice. Foi-se tudo. Desistiu sem mais nem menos e jogou tudo para o alto. Zuniu para bem longe de nossos ouvidos. Bubblepod não mais pôde. Mau Mau, bebê zangou. E para o espaço de seu armazenamento nebuloso, em algum baú ficou. Enterrou o projeto e criou outro, que de bolha virou cal, de isca virou um peixe grande chamado Cassandra.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Os cinco sentidos do nada

O que se escreve quando se pensa que já se viu de tudo? Se sesse... Não, você não viu de tudo ainda. Te falta. Há muito mais o que se ver. Para quem fica, continua a ouvir e a quem possa interessar assistir essa louca história da vida, aqui estamos presenciando entorpecidos ou eletrificados, as causas e efeitos do viver um dia após o outro. Micróbios, animais e vegetais, somos um todo funcionando loucamente de maneira patética, histérica, mórbida, crítica, insensata, racional, dinâmica, estúpida, eu diria até surreal, enigmática, porém ambiciosa de respostas e refém de nós mesmos. O que faz termos amor ou raiva, estudarmos antropologia ou matemática, comunicação ou medicina, tomarmos fortificantes ou venenos, criarmos ou eliminarmos coisas? O que nos torna seres completos ou faltando pedaços? O que nos impulsiona a ir ou deixar, encontrar ou desencontrar, cavar ou empurrar, armazenar ou esvaziar? Onde está o eixo de tudo? O que ocasiona o monte e o desmonte do quebra-cabeça? Qual o comando do universo? Ou é o caos que realmente reina? Para que tanta dor ou prazer? Pra que tanto barulho? E o silêncio? Ele responde alguma coisa? Se o silêncio acalma as almas, por que ganhamos a visão? É para ver o horror e a beleza gritante das coisas e depois dizer chega. Por que temos o tato? É para tocar e sentir as texturas e tamanhos, sentir dor, sentir a pressão, o calor, o frio e depois dizer basta. E por que o olfato? Para percebermos o cheiro bom e ruim de tudo. Para que serve o paladar? Para descobrirmos o gosto, o sabor, a doçura, a amargura, o azedume e o sal do que comemos e bebemos. E para que serve, por fim, a audição? Seria ela o último sentido, já que o silêncio é o que nos espera, depois de tanto ver, crer e não mais crer?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Verão 90 ... Nossa história daria um filme

Duas adolescentes estavam combinando de sair para uma boate da moda dos anos noventa da Barra da Tijuca: Olimpizza. A Olimpizza ficava aonde era o antigo Bali Bar, no Itanhangá. O pai de uma delas se prontificou a levá-las e depois até buscá-las na boate. Uma das meninas, a filha do pai, estava mais empolgada que a outra. A outra estava neste dia meio de baixo astral e foi mais pela amiga animada. O pai da amiga animadinha era meio atrapalhado e no caminho, quase chegando ao lugar, se envolveu em uma batida, na verdade uma batida de leve. O carro da frente freou bruscamente fazendo com que o carro dele encostasse a sua dianteira sem amassar e logo atrás veio outro carro que bateu mais forte em sua traseira, aí sim, amassando-a e deixando o pára-choque e o cano de descarga pendurados. Prejuízo para o pai da menina animada. Logo, chegou a polícia para vistoriar o acontecido e pedir os documentos dos motoristas envolvidos no pequeno acidente. Constataram que o pai da mais animada não portava os documentos do carro e nem a identidade. Liberaram os outros veículos onde os donos apresentaram seus documentos. A menina que não estava tão animada se desesperou e queria ligar de qualquer maneira para o seu pai a fim de pegá-la e tirá-la dali, pois não agüentava mais aquela lengalenga dos policiais discutindo o que seria feito com o senhor sem documentos. Ela quis atravessar a passarela para ligar de um orelhão para o pai e pediu que a amiga a acompanhasse, mas foi em vão, porque o pai da menina mais animada botou as duas no carro dele para levá-las de volta pra casa e com os policias fazendo a escolta num opala camburão. O intuito dos policiais, a princípio, era pegar os documentos e fazer o registro de ocorrência que faltava realizar naquela noite que parecia entediante. Mas, a menina menos animada, sentada dentro do carro do pai da outra animada, do banco de trás, começou a espernear e dizer ao senhor que parasse o carro que ela queria saltar, pois na sua cabecinha, o carro estaria explodindo ou a ponto de uma explosão. Ela via fumaças e fogo quando olhava para trás e ouvia o barulho do cano de descarga se arrastando no asfalto da longa avenida. O pai da menina animada nem corria, estava calmo e dirigindo devagar, sendo seguido pelos policiais. A menina menos animada não se acalmou de jeito nenhum e o pai da mais animada deu a idéia de elas trocarem de carro e entrarem no camburão policial. O pai, então, fez sinal de que ia parar e disse aos policiais que elas seguiriam com eles. Ambas ao entrar, já estranharam aquele carro, que mais parecia uma prisão ambulante, pois o opala quatro portas dos policiais tinha uma divisão em grade que separava os dois passageiros da frente dos outros passageiros traseiros. A partir daí, seguiram elas, as meninas, no carro dos PM's e o pai da menina animada, sozinho, no seu Del Rey velhinho e dirigindo devagarzinho para não acabar de vez com o pára-choque e nem fazer cair o cano de descarga que andava solto depois da batida. No carro dos PM's, a coisa ia tomando outra dimensão. Eram eles, um grisalho e um moreno bigodudo. O grisalho, metido a esperto e a garotão, e o moreno bigodudo, sério e introspectivo. Quem dirigia era o grisalho fanfarrão. O moreno estava no carona, sempre quieto. O grisalho olhou pelo espelho retrovisor e gostou do que viu. Daí começou a jogar conversa fora com as meninas, focando sempre na mais animadinha, porque ela parecia ligada numa pilha, estava elétrica e falante. A outra, mais calada, não dava conversa, só observava e refletia. O grisalho resolveu jogar verde, perguntando se elas saíam para beber. A animada se empolgou e disse até pra onde elas estavam indo curtir a noite antes do pai dela bater o carro. Pronto, o PM grisalho descobriu a fórmula de puxar mais papo e ainda ficou no elogio, dizendo que elas eram meninas muito bonitas, perguntando se tinham namorado, se os pais as deixavam namorar e aquelas baboseiras de sempre, típica dos machistas. O grisalho era tão cínico, mas tão cínico, que ao reparar no carro do pai da animada, que andava a vinte ou a trinta quilômetros por hora, ligou a sirene do camburão e disparou pela avenida a mais de oitenta. O PM moreno bigodudo continuou imóvel. A menina mais animada continuou nem aí. A menina menos animada foi quem iniciou uma série de perguntas: Por que está correndo? Por que ligou a sirene? O que aconteceu que parou de seguir o carro do pai da minha amiga? E o PM grisalho ia respondendo. É a minha filha! Ela está com o namorado naquele carro ali na frente. Sei que é ela. Eu tenho que seguir! A menina menos animada continuou a perguntar. Mas em que carro sua filha está? O PM grisalho deu uma péssima resposta. Ali, naquele Passat branco. Nisso, a menina menos animada pensou rápido. E caramba, não havia nenhum Passat branco nem nenhum carro de cor branca tanto na frente quanto atrás ou dos lados da pista expressa. A menina rezou para que ele não seguisse reto com o carro, pois a reta era em direção ao Recreio dos Bandeirantes, que naquela época, não tinha nada, nem iluminação noturna, nem casas, só matagal. E por sorte, o PM seguiu assim que passou o Barrashopping em direção a Jacarepaguá, mas não teve tempo de se perder na estrada escura com seu cúmplice e as duas vítimas. Assim que ele virou, as luzes do supermercado Carrefour e de sua churrascaria Pampa iluminaram a menina menos animada e ela gritou. Pode parar o carro, por favor, que eu estou passando mal e acho que vou vomitar! Foi o PM moreno bigodudo quem arregou. Pára este carro, cara, não está vendo que ela vai vomitar aqui dentro e vai feder tudo? Só assim o grisalho parou. E no que parou, a menina menos animada abriu a porta do opalão dos PM's e correu, correu muito e foi gritando enquanto corria pelo nome da outra. Corra! Só aí a menina animada percebeu o que poderia estar acontecendo ou o que poderia chegar a acontecer. E correu. Mas o grisalho também saiu do carro para acompanhar a animada que corria logo atrás. A menos animada imaginou mil coisas em sua cabecinha de vento. Achava que seria morta ali, com um tiro pelas costas, mas melhor seria morrer assim do que estuprada e jogada num valão por aqueles dois porcos. E assim continuou correndo, até chegar esbaforida dentro da churrascaria e pedir por um telefone. Passava de meia noite e ainda jantavam ou fechavam a conta clientes que logicamente, ficaram assustados com todo aquele alvoroço. Quando a menina menos animada pegou o telefone, ligou direto para a casa dela e pediu ajuda. Finalmente conseguiu falar com o pai. Mas o PM grisalho não se deu por vencido. Ainda ficou tentando ridicularizar a menina na frente de todos da churrascaria. Dos garçons aos clientes e aos recepcionistas e caixas. Antes de chegar de braço dado na churrascaria com a outra menina animada, passou ordens ao PM moreno bigodudo que fosse até a casa do pai da animada e trouxesse-o para provar que era bonzinho. Tentou fazer um discurso de bom pai e zeloso pela segurança da filha que não convenceu ninguém, nem a ele mesmo. Voltou para o seu camburão junto do outro PM sem nada ter conseguido daquelas duas meninas. Os pais de ambas as levaram embora e a menina menos animada ainda teve que ouvir de sua mãe a seguinte frase: Antes tivesse morrido no carro do pai de sua amiga, um santo homem. Mesmo queimada, ia morrer feliz e no céu. Imagina ter que passar por tudo isso e ainda por cima nos tirar da cama a esta hora. E hoje, a gente pensa: Ah, maldito celular, se você já existisse...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Vários Casos Abafados

Sim, temos muitos casos abafados no calor deste verão. Estamos em Janeiro de 2019, dois mil anos depois de Cristo, e ainda existem tantas similaridades desde que o Salvador surgiu e sumiu da Terra. O planeta nos dá e nos tira, dia após dia, de tudo um pouco, mas não há mais de uma dúzia de seres humanos que aprendam e consigam passar adiante melhores exemplos. Tanta gente fazendo o bem e o noticiário se inclina nitidamente para a massa de pessoas poderosas que estão praticando o mal. Em todas as áreas profissionais existem os medianos, os péssimos e os ótimos, porém a Igreja, seja de que religião for, por ser mais balanceada do que os outros setores que mandam, vence a categoria de boas notícias e de belos exemplos. Ganha, contudo não significa que saia ilesa de alguns escândalos. Realmente, Ela é poderosa, está sempre no topo das paradas, equilibra muito bem os extremos, manipula mentes como nenhum outro setor faz; prova disso é que diariamente há matérias na TV, nos jornais, nas revistas e nas rádios sobre padres jovens ou párocos senhores, pastores, missionários e monges praticando ações de todos os níveis e para todos os nichos. Enquanto isso, na política dos Estados brasileiros, na engenharia, na ciência e na medicina geral, estamos assistindo muito mais espetáculos de podridão do que de boas ações. Sem entrar em detalhes, já sabemos de grande parte das manchetes nacionais. Desabamentos e construções sem pilares... No meio artístico o correto seria que os nossos ídolos ou nossos musos e musas não nos influenciassem, mas é difícil a gente deixar de se influenciar; são tantos apelos, tantas fotos e vídeos recomendando isto ou aquilo..., eles não têm posição. Volta e meia estão de um lado, seguindo interesses difusos, conforme a grossura da corda. Se espalham, se abaixam, se levantam e a seguram na ponta ou no meio, para que a mesma não arrebente, porque cada profissional das artes está atrás de um patrocínio, e é absolutamente normal, dependem disso para seguir seu rumo. Vivem de fantasia, idolatram os mortos, os herois e as heroínas da política, porém, estão seguindo os vivos, que ainda não foram queimados pelos arquivos... Hoje não precisamos mais citar nomes, está tudo estampado nas redes sociais. Mas amanhã precisaremos estar atentos, desde ontem há casos mais do que esclarecidos e outros nem tanto. Afinal, o que querem os artistas? Querem eles abafar casos ou se acalorar neles para deles se aproveitar por este ou por aquele motivo? Tão menos problemáticos seriam desvendar certos casos, caso nossos artistas fossem apartidários. Artista não tem nada a ver com poder, não tem que se meter, deve fazer o seu ofício, que é fazer graça ou drama, fazer rir e chorar, ser só um meio. E o que está no meio, não precisa ir para as bordas, nem transbordar para fora das telas e dos palcos. Logo eles que leem tanto, tão pouco entenderam que o melhor de ser artista não é inflar, é abafar o caso.