sábado, 26 de novembro de 2011

Roupas difíceis de vestir são equivalentes a festas duras de engolir

Sempre que me pego pensando na possibilidade (desde os dezoito anos) de morar sozinha, inevitavelmente lembro das partes dolorosas dessa coisa de ser só. Aí eu adio, adio, adio, adio e ... adios una casa solamente para mi. Tem algo mais sem-graça do que ir para a cozinha e fazer comida só para você? Dormir numa cama cheirosa e espaçosa sozinha? Ter vestidos lindos e não conseguir vesti-los independente de outros braços? O bom deve ser, nessas horas, ter um vizinho ou uma vizinha que lhe deem a mão num momento de aperto. Por exemplo, comprei esse mês dois vestidos super extravagantes, elegantes e finos, mas... não consigo subir o zíper nem de um nem de outro. O primeiro tem o zíper localizado na lateral esquerda do corpo, da cintura para cima. O segundo, tem este apetrecho super irritante nas costas, também da cintura para cima.
Inclusive, quero usá-lo agora, estou vestida nele, cabelos, sapatos, bolsa e acessórios, tudo preparado, mas minhas costas, descobertas. Como fico sozinha a maioria das vezes em casa, porque sou uma pessoa elétrica, mega agitada e porque as pessoas da minha família são o triplo do meu agito, ninguém fica na cola de ninguém e um vai despachando o outro, logo, quando não é cada um na sua e no seu aposento, é cada qual no seu carro ou na sua calçada. Família de doidos, não nos misturamos, exceto... no Natal, na Páscoa, nos aniversários, mas no Reveillon não. Ano novo, vida nova, ruas, areias, postos, paradas, espumantes, vinhos, comidas, frutas, programas de TV, fogos de artifício, músicas, tudo novo, inclusive a gente. Estoy aqui, de pé, de frente ao espelho, bonita a mona..., esperando minha carona para una fiesta e acho que tengo vergonha de apertar a campainha de algum vizinho de puerta. Tenho três chances de acertar e de errar fazendo isso. Não vou fazer, nem vou pedir ao porteiro. Vou esperar o carro que me levará à festa e quando o mesmo chegar, pedirei ao motorista ou à minha amiga para fazer esse serviço extra inusitado e esquisito. Mas estou achando que nem vou mais nessa party. O telefone dela toca, toca e não atende. Marcamos a saída para now e nada de notícias da dama. Enfim, vou ficando por aqui, terminando de me arrumar e tentando eu, eu mesma, sem lenço e sem ajudante achar uma solução satisfatória para este draminha. Quer saber? Dá vontade de ir nua para essa festa. Vergonha por vergonha de pagar mico, pode até dar no mesmo. Talvez eu não seja persona grata nesse lugar. Mas como eu gosto de dar cara a tapa... vou lá. Vai, vai dona gorila. Prenda e aprenda a ser presa de uma nota só. Si.