terça-feira, 21 de maio de 2024

Elogio às inundações

Essa coisa de seguir o fluxo e se deparar com a falta de compromisso e de responsabilidade afetiva mexeu demais com minhas estruturas... Eu sei exatamente porque não me tornei cônjuge nem gerei outras criaturas. E isso tem me custado muito caro. Escolher a liberdade de ir e vir, mas ao mesmo tempo permitir que extravasassem as minhas barreiras, mesmo afirmando que tudo tem limite, me jogou num espaço vazio.
Enquanto sucumbi em determinados patamares de minha existência: meus valores, minha dignidade, minha firmeza, minha força, meus anseios, minhas dores e dissabores... ainda assim me mantive de pé, mesmo com o chão alagado. É que tive que me virar sozinha em diversos momentos cruciais, sempre cambaleando e tomando decisões poucas vezes acertadas. Época boa quando não precisava me relacionar com estranhos.
Em família as pessoas se sentem mais seguras, pois estão quase certas de que, se a corda arrebentar, terão algum pilar no qual possam se sustentar, ou mesmo se refugiar. Então eu, por não ter dado importância a esses detalhes, me preenchi de mim mesma e de repente notei que percorri uma nascente que não transbordava em nenhum lugar. Ela se alimentava dela mesma. Nascia e morria, escorria, desaguava e secava num vai e vem enigmático onde o redemoinho não cessava. Magia? Imagina!!! Embora outros seres olhassem de longe e percebessem o que estava acontecendo, não poderia vir deles o auxílio.
Era problema único e exclusivamente de mim mesma essa auto ajuda. Entretanto, as paixões, as admirações, os entusiasmos, os encantamentos, as uniões e desuniões ocorriam naturalmente. Tudo sem calcular o risco. Emocionante, não?!! Eis que eu, eu mesma e minhas auras e energias vitais colapsaram, realmente se cansaram. Elevados são os humanos que não abandonam seus elos por questões de ferimentos. Todos os dias a gente se fere, é só prestar atenção no curso da vida. Espiritualidade, empatia, educação, equação, eixo, enlaces... Emergencialmente precisamos entender que somos todos carentes de muitos afetos e que a solidão mata todos os fluxos da vida.