De mim suor frio escorre e um tremor toda me prende. Mais verde que erva estou - e bem morta, por bem pouco, pareço... Mas tudo é para ousar... fr. 31 V
terça-feira, 23 de julho de 2013
A história de amor do golfinho e da baiacu
A baiacu formosa era bem mais madura, já tinha alguns anos de contramão. Era um peixe safo e vacinado, tinha cicatrizes na pele, fruto de suas peripécias aquáticas. Ela passeava leve e solta, sempre sorrindo, com seus olhões bem abertos, pelas águas, ora claras, ora turvas.
O golfinho era galã, formado em distração, surfava livre deixando peixinhas grandes e pequenas apaixonadinhas quando caíam em sua rede. Segundo ele, elas até choravam. Segundo elas, ele era bem exagerado. Tinha excesso de hormônios e também uma sede elétrica pelo óleo das embarcações que cruzavam o raio onde nadava.
Numa bela madrugada, antes do amanhecer, golfinho parado, baiacu dançante, amigos peixes por perto, festa no mar, banda de caranguejos tocando, um tubarão rondando, lagostas observando e ele chegou nela.
A baiacu, sempre alerta, com seus dentes brilhando, continuou a bailar.
O golfinho, tímido mas muito obstinado, não arredou o rabo e as braçadeiras. Chegou junto, encarou aquela boquinha e as barbatanas da baiacu.
Ela até gostou. Ele era quentinho. O mar estava calmo, tranquilo, sem ondas. Nenhum outro peixe quis atrapalhar a cena.
A "colazione" e o "pranzo" viriam logo em seguida. Muitas horas depois. Muitas, diversas, demasiadas, infinitas horas.
Golfinho resolveu segurar a baiacu. Mordia e soprava, pra não dar tanta certeza.
Afinal, certezas, quem as tinha?
A festa no mar estava bem boa.
Baiacu gostou de colar com golfinho.
Golfinho curtiu balançar com baiacu.
Nenhum dos dois sabia, mas Eduardo e Mônica, Renato Russo já dizia.
Baiacu linda, grunge, golfinho bonito, gastador de onda.
Todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa que nem baião-de-dois.
Mas Cazuza disse, suporte baby, baby suporte. Só não me xingue, só não me xingue, de sub sub sub sub sub o quê?
Você é um golfinho.
Eu sou uma baiacu.
Claro que não!
E acordam do sonho.
Puf! Quem fez pum?
Você, não se lembra?
Eu, não!
Tá.
Me leva pra casa?
Espera a minha irritação passar. Deixa eu ver esse programa. Plaza de Toros. Já estive lá.
Madrid. Festival de motocross.
Já não estamos mais no mar.
É a Terra.
Pronto, passou. Vamos?
Bora, Bora.
Acabou. O mar secou. Até uma próxima maré alta.
Quando a maré encher, quando a maré encher.
Delfin.
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