quarta-feira, 24 de março de 2010

Rotina atípica

Uma jornalista e roteirista lidando com papéis e apólices de seguros até que pode dar certo um dia, mas hoje? Hoje não.
Esta pessoa sou eu, vivendo entre o sim e o não, nas horas vagas, em momentos que tem se repetido há bem alguns meses, quase todas as tardes da semana.
São quatro e meia, o sol está forte lá fora e, dentro do escritório, ar ligado, Rio de Janeiro no outono, faz trinta e oito graus para quem anda na rua; acabo de atender a um telefonema, assunto: cancelamento de um seguro. Minutos antes atendi outra ligação de motivo inverso: renovação de seguro. Uns caem, outros levantam, uns desistem, outros querem; queda e ascensão. É disso que é feita a vida.
Quando, por poucos minutos, os telefones dão uma brecha e param de tocar, posso me dar ao luxo de me espreguiçar, de fechar e abrir os olhos lentamente e de até bocejar. Estou sozinha e só as persianas das janelas podem me ver.
Sou eu agora aqui, com cara de sono e pensando no dia de amanhã.
A ginástica de hoje cedo acabou comigo, me deu uma tremenda dor na coluna levantar todos aqueles pesos. Tive que tomar uma ducha com água bem quente nas costas antes de vir para o trabalho, água quente nos meus braços também; nossa, devo estar enferrujada, como dói minha coluna. Minhas pernas, nem tanto, o abdomen, um pouco, por isso, fugi da aula de spinning, a professora estranhou, mas se fiz duas, três aulas de manhã de ginástica, isso já é muito pra mim, não aguento. Ontem dei uma unhada de leve em uma de minhas pintas, tenho muitas nas costas, vai ver por isso estou com dor, a pinta é daquelas pretinhas sobressaltadas, de tão preocupadas e preocupantes, que você consegue mexer pra lá e pra cá com os dedos, uma sensação até gostosa... mas vou tirar esta pinta, vou marcar uma visita ao dermatologista pra acabar logo com essas pintas salientes. Até que são um charme, só que um charme dispensável.
Pois é, estou sozinha no escritório a esta hora e começo a contar. Já são cinco horas da tarde, hoje devo sair mais cedo. Tanta coisa ainda pra ser feita na rua antes de ir para casa... Duas coisas para fazer logo que sair daqui. Um assunto para tratar, um documento para pegar, uma peça de roupa para comprar, dez peças de roupa para lavar, um quarto inteiro para arrumar... O ser humano adora números. Números... Duas salas, duas portas, dois banheiros, sete mesas, sete computadores, treze cadeiras, três armários que se deslocam, dois armários embutidos, uma prateleira de seis módulos, nove paredes brancas, dois aparelhos de ar condicionado, seis luminárias, dois galões de água mineral, um bebedouro refrigerado, uma cafeteira, uma geladeira compacta, muitos cartazes e banners de seguros de vida da Unimed, inúmeros livros e propostas de seguros de sáude da Amil, da Dix, da Sul América, da Integral Saúde, vários programas instalados nos computadores para vendas de seguros de automóveis, da Porto Seguro, da Azul, da Itaú, Vera Cruz, Mafre...
Marcas em todos os produtos, Consul, Electrolux ... todos com selo de qualidade, podendo ser duvidosa ou não, pagando-se pelo serviço ou pelo prazo de validade... Ah, e pela luz...
Lá fora ainda está claro, o sol já já vai se por. Mais tarde pretendo terminar de ler um livro, comprei de curiosa, porque fala de como mudar o destino, depois vou virar páginas de uma revista de Ciência, entender sobre o futuro dos animais de estimação, dia seguinte tudo de novo e desta vez será um novo dia mesmo, porque aqui no escritório só volto um dia depois de amanhã. Ih, faltam quinze para as seis, está na minha hora, mas nem vou correr muito. Eu pego o contrafluxo, com as horas e o número de carros no trânsito não tenho que me preocupar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Chuva de sapos e canivetes

Depois de uns baques soltos e de uns baques virados, eu ainda tenho forças.
Para pensar, pensar, pensar... e agir.
Penso todos os dias no livro que vou escrever, no tema, na escala de fatos e nas tantas vezes que o desenrolar das histórias que quero contar, exibir, noticiar, mudam da noite para o dia e me fazem ter nós e mais nós dentro da cabeça.
A Editora já deve estar cansada de receber meus emails sempre postergando a data da reunião para finalmente discutir a capa, o número de páginas, o tipo de folha, o local onde será realizada a festa de lançamento do produto, o dinheiro a ser gasto com toda a produção...
Quando analiso minha vida com uma lente de aumento e a vejo de perto, ela parece sem-graça. Moro num condomínio fechado, cheio de grades, com um belo visual para a praia, para as pedras e morros de um lado extremo do Rio, visito uma vez por semana o Centro da Cidade para assuntos profissionais de um ramo comercial não escolhido por mim, dado à força bruta, a duras penas, na base da imposição. É o preço de estar viva e ter que ganhar dinheiro. Sem dinheiro a gente faz o que? Se bem que estou exagerando, mas como isso me incomoda... Tirando o fato de que escolhi uma carreira bonita, a da comunicação, que sempre achei que levava jeito, na fala e na escrita, mas difícil para se estabelecer com equilíbrio e com certa dignidade, complicada de se trabalhar em grupo e de se faturar uns tostões, enfim, uma carreira cheia de pessoinhas desrespeitosas, estressadas e mesquinhas, vingativas talvez, desdenhosas, e o pior, recalcadas. Mas são essas que não crescem. As que se desligam disso conseguem crescer. Sobre ser reconhecida... menos ainda, mas nem é por causa disso que ando com a cabeça transtornada. Ando assim, porque o tempo vai passando e ao tentar me desviar dos olhos famintos dele, me meto em cada situação... diariamente. Mesmo na rotina chata do dia a dia... conhecendo o melhor e o pior lado das coisas ou das pessoas, objetos... o que tudo não passa de ser, como por exemplo... um robô que era prestativo, te acompanhava e te ajudava, seja dentro de casa ou na rua, e repentinamente, se vira contra você, fica rebelde, depois violento, caem seus parafusos, ele se confunde, te confunde e a máquina surta. Tanto a sua quanto a dele. Ficam ambos desbaratinados. Cérebro para um lado, lataria para outro. E se desligam, não querem mais contato. Um "Eu, Robô" bichado, que ninguém está livre de comprar e, pensando ter comprado um belo exemplar X, Y, Z ou um Alfa, comprou-se uma bela porcaria, um gato por lebre. OK, estamos no Brasil e nem temos essa cultura de colecionar robôs coreanos ou japoneses, logo, mudo para bonecos ou bonecas infláveis, em homenagem ao cartunista Glauco e aqui trocamos um abacaxi por um caroço de manga. Imagine o prejuízo e o estrago da gente colocar em nossas vidas coisas falsificadas, incompletas, sujas e depois de algum tempo nos arruinarmos com elas.

terça-feira, 9 de março de 2010

VAMPIRISMO CANSA

Como falar que não acredito em vampiros se eles existem e provam todos os dias sua existência?
Acredito sim, muito mais do que em Deus ou em Jesus e outros santos.
Um dia escrevi sobre o santo de cada profissão.
Foi um escrito romântico, feito às pressas, (textos, quando encomendados saem tão rapidamente de nossas cabeças, principalmente pela questão tempo, prazo e consequências do atraso, dead line)... falava de um casal apaixonado, loucos por livros, filmes, canções, roteiros, rotas e por eles mesmos. De tão loucos, cometeram as maiores insanidades, fizeram de tudo para se colar, moraram juntos por um breve período, foram felizes, foram tristes, se amaram incessantemente e, no fim das contas veio a dor da separação. Esta, na verdade, nunca se consumou de fato, pois eles ainda continuaram ligados por um fio de luz cercado de sombras. Por esse fio concentram-se alguns ideais, quase todos impossíveis. Findou a história e o santo relacionado não foi encontrado. Logo, foi substituído por uma personagem mitológica raramente falada: Clio. Uma das musas, e essa é a musa da história. Inspira paixões, querências. De certo, para conseguir tudo o que querem ou queriam vai demorar, demorar, demorar... e haja paciência, delírios e mais delírios. Contradições loucas. Haja constância e inconstância, amor e ódio, ciúme e confiança, alívio e sofrimento, dor e prazer, alegria e decepção.
Jesus veio à Terra para nos salvar.
Há os que acreditem. Por isso algumas pessoas se agarram nele. Jesus te dá a mão e não te empurra, prefere ser empurrado.
Vampiros estão na Terra para nos levar à perdição.
Há os que duvidem. Por isso metem medo em muitos indivíduos. Mordem e tiram nosso sangue.
Os vampiros estão nas ruas, no trabalho, em casa e quem diria, até na sua maior válvula de escape: a internet.
Sugam nossas energias e não nos dão nada em troca.
Nos adoecem, nos empalidecem e isso cansa.
Vida longa? Que nada, vida breve.
Eles não nos tornam imortais. Nos tornam vítimas e prisioneiros. Nos secam e assim se ardem cada vez mais.
Nós nos cansamos deles. Acontece que eles nunca se cansam da gente.
Como escapar destas pestes? Quais os melhores esconderijos?
Em contrapartida, pergunto: Queremos escapar? Queremos nos esconder? Queremos mesmo nos salvar? Não é muito melhor se perder?
O vampirismo cansa, mas vicia.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Pata, pata...?

Simonal cantou.
Daúde canta.
Miriam Makeba imortalizou.
Thalia... aquela... das novelas... vixe! Me recuso a postar; e Natascha Grin, numa versão discho, também rendem homenagens à canção "Pata Pata".
Pata, pata.
O que foi, o que é, o que virou?
Música clássica... africana... e/ou ... sexy swing?
Não sei, mas a versão preferida por mim é a de Minoaka, um reggae gostosinho, a última posta aqui.
Uma posta, quase... Posta de peixe. Pedaço, talhada. Fatia comida aos poucos, bem ou mal saboreada. Assim como tudo na vida... Não?



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Esse vídeo do youtube vale a pena ser visto e revisto:

Em épocas de lei seca, é bom ver o que uma simples bebidinha pode fazer com os mais "sensíveis":

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Geni e o Zepelim, viagem boa do Chico



Quando eu era criança não entendia. Ouvia, gostava, mas não captava bem a letra.
Hoje é diferente. Essa música "Geni e o Zepelim" é mágica. Super harmônica. Melodiosa. Ritmada. É doida, doida demais.
Só tenho pena das Genis. É uma taxa, um carma, um estigma, um peso, um transtorno, um estorvo carregar no lombo este nome e saber que mais dia, menos dia, a sua amiga, conhecida, avó, mãe ou tia Geni sofrerá dissabores e ouvirá comentários que ligarão o nome à música.
Mas felizes são aqueles que têm seus nomes musicados, pois tudo são homenagens, por melhores ou piores que sejam e elas são feitas para lembrar que ali existe ou existiu alguém importante. Boa ou má, mal falada ou bem falada, alguma Geni fez Chico se deslumbrar, se amarrar, se encantar e ter vontade de cantar pra ela.
Malditas ou benditas Genis! Será que essa verdade do Chico é real ou inventada?
E que chá foi que ele tomou? Da Alice de Lewis Carroll ou da Lucy dos Beatles?