sexta-feira, 5 de novembro de 2010

No ruído do bumbo e do pandeiro

Sorria com a bondade e a preocupação dos outros.
Nos sonhos? Talvez.
Mas às vezes, nem em sonho... Até eles nos surpreendem e nos atropelam...
Um exemplo: Essa coisa de celular...
Esperar, aguardar, ansiar... coisa de pateta.
Tive um sonho tão colorido hoje... custei a levantar da cama... a luz do sol forte foi quem me despertou e me levou pra fora dela... acho que foi a quantidade de videoclipes psicodélicos que assisti ontem à noite... Devendra Banhart e Vetiver lideravam a lista LSD... parecia que eu estava num campus universitário, onde os corredores estavam infestados de alunos de cursos de Moda, Artes Plásticas, Carnaval... um festival de fantasias e alegorias, um desfile nas passarelas de penas, plumas, paetês, cabeças coloridas, calças, camisetas, tênis coloridos, tudo over, exagerado, engarrafamento de humanos pelos vãos e varandas, minha sede que não acabava, me perdi entre as cores e o povo que conversava alto, barulho, burburinho, muito barulho, cores, muitas cores e eu, buscando minha sala, só sabia o nome do professor, procurava por bebedouros e não achava, acordei cansada, perdida, me senti ridícula por não ter me integrado àquele cenário. Belo e patético. Triste. Caótico. Dadaísta.
De que adiantavam tantas cores? Não há beleza nenhuma em não saber se comunicar...No fundo, no fundo, todos somos uns bobos, uns ridículos.
Ela é ridícula porque fica achando que ele vai ligar pra ela e convidá-la pra sair.
Ele é ridículo porque não faz nada disso.
Ela é ridícula porque fica com a maior vontade de mandar ele pra aquele lugar, e se não manda, sente-se ainda mais ridícula; já mandando, a coisa fica pior.
Ele é ridículo porque tem medo de expressar seus sentimentos, mas fica terrivelmente mais ridículo por não expressá-los.
A que ponto chegamos? Num tal de século XXI...
Que grau de relacionamento é esse de pessoas que mal sabem se comunicar?
Que nível, quantos degraus estamos deixando de subir quando fazemos sem perceber, maldade nos relacionando de maneira torta com os outros?
Por que criamos expectativas tão ridículas?
Por que para os homens ficou tão fácil o descarte e para as mulheres não?
Quem foi o ridículo ou a ridícula que os ensinou este truque?
E guardou aonde a fórmula? Pois as mulheres querem também.
Afinal, se somos todos iguais, por que não fica bem pra gente, só pra eles, comer e descartar dias depois?
Num mundo de imensos desgraçados, por que é que a gente ainda fica contando com a boa vontade dos nossos queridos predadores, hein?
Por que querer que um predador tenha algum tipo de preocupação com sua presa?
Só porque o objeto é bonito?
Então, se é bonito, dá mais medo de cuidar, né?
Cuidado. Esse objeto requer todo o tipo de zelo. Ao manusear, seja firme. Não vacile com as ferramentas. Não chegue perto, se for para destruir. Recue. Deixe-o de lado.
Por isso, ontem, ao sair, vi que estava na mira de dois, mas deixei ambos, os predadores, pra trás. Corri deles.
Mas hoje, pensando melhor, me arrependi. Podia ter tocado ao menos um pandeiro ou um bumbo... digo, trocado celulares.
Quis dar uma de boa moça, de fino trato e vi que... não está mais valendo.
Um violãozinho e "Something" pra ela? Hummmmm... Dependendo do caso, a coisa desanda, porque no século XXI, o sexo frágil passou a ser deles e não delas.
E palmas pra quem consegue que nem tudo dê errado tocando a música até o fim, sem desafinar.

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