Descobri sem querer a vida...
31 de outubro, dia das bruxas, dia das descobertas, dia de eleger um novo presidente para a República Federativa do Brasil. Dilma ou Serra? Brincadeiras ou travessuras? Açúcar ou sacanagem?
Não importa qual dos candidatos. Mergulhados em inúmeras histórias, em virtudes atuais, em passados que os condenam, em escândalos armados ou em baixarias à parte; não importa, é sempre tudo igual.
Temos que votar em um candidato, temos que casar, temos que ganhar dinheiro, temos que isso, temos que aquilo. Embora não seja bem assim que a banda toque.
Portanto, quem anula o voto faz besteira, exerce uma cidadania idiota, era melhor nem ter se deslocado. Uma pessoa se despenca até um colégio eleitoral para contribuir com nada?
Mas, quem escolhe entre uma opção e outra, entre o número 45 e o número 13, faz quase nada também. Um presidente não vai mudar muito. Quem consegue desmontar um cenário sozinho?
Porque nós, nós, nós, nós... Nós uma ova; eles, Dona Dilma.
Porque assim como a Dona Maria, como o Seu José, como a Dona Fernanda, come o que, Serra?
Nossa raça, aliás, todos os seres vivos da Terra, inclusive a própria Terra, a massa faz parte de um planeta de comedores em potencial. Compulsivos.
Atire a primeira pedra quem não imagine comer ninguém. Até o Serra imaginou. Coitado, brincadeira. Não ganhei doce dele, então, fiz uma pequena travessura que não doeu nada. Por causa da comida, por isso o dia das bruxas é uma data interessante.
É o dia dos vampiros e os vampiros existem, somos nós mesmos, só que mortais.Enfim, me arrumei toda bonita, vestido azul marinho, justinho em cima, soltinho embaixo, não vou contar a lingerie, pois a era da exposição até que é válida, tendencial digamos assim, mas tem limite; coloquei uma sapatilha nova, de estampa floral, linda, um broche vermelho para cobrir o decote V do vestido que já mostrava o sutiã e eu não queria isso, hoje eu estava de mocinha comportada, apesar das unhas pintadas de azul claro e dos olhos exageradamente carregados no rímel. Só não coloquei, mas bem que calcei pra ver como ficava, um tênis all star preto, cano longo, com um desenho de caveira em cada um dos pares, sendo que num deles, há um piercing de caveirinha costurado no tecido de lona do all star, adoro falar all star..., penteei os cabelos longos e escuros, mas deixei secá-los ao vento para dar um leve ar de despenteado, passei um pozinho no rosto e um batonzinho rosa, peguei meu carrinho fofo prateadinho e de Patricinha Underground, como já fui rotulada, rótulo esse que me acompanha há anos. Difícil me libertar dos diversos títulos desta propaganda. A marca já está registrada. Só mudando de endereço pra poder registrar uma nova.
Selos de qualidades variáveis conforme o padrão de vida de cada cidadão.
Mas.. Assim caminha a humanidade...
Só sei que depois de votar, resolvi não ficar na rua, pensei em telefonar para inúmeras pessoas, mas conversei com meus botões: - Pra quê?
Se alguém quiser que me ligue. Chega de buscar companhia. Chega de ficar igual a uma lagarta me arrastando, pedindo: - Por favor, me ajude; por favor, vem dançar comigo; por favor, faça parte do meu show; por favor, vamos dar boas risadas; por favor, me ouça; por favor, eu posso te fazer feliz. Basta.
Tem hora que cansa. A lagarta está virando borboleta e aprendendo que pode ser bonita e feliz sozinha, andando no meio de tanta gente que tem olhos, boca, nariz, orelhas, pés, mãos, pelos, suor, salivas, coração, intestino, estômago, umbigo, e que sendo iguais, vivem em outros mundos, comendo e mordendo diferente, disfarçando-se de satisfeitas para evitar concluir que a vida é bela, mas é também um terror e como já dizia Jean Paul Sartre: “A vida é um pânico num teatro sem chamas.” Eu corrigiria Sartre: - Pra mim, a vida é um pânico num teatro em chamas.
Voltei pra casa, linda, aterrorizada, chamuscante e cheguei à conclusão: - Meus livros são minhas melhores companhias, meus maiores companheiros. Posso viajar com eles no meu carrinho de Patricinha sozinha inteligentinha arrumadinha gostosinha alegrinha, me hospedar num hotel e ser abordada por um pangaré caçador de vampiras que ainda não se tornaram lésbicas, abusar de sua força bruta, eu dar uma "livrada" na cabeça dele, correr e me hospedar em outro lugar.
Os livros têm mil e uma utilidades que vão de arma de defesa do corpo à arma de defesa da mente.
Eu metralho com palavras.
Tomara que o novo representante do Brasil distribua muitos livros ao invés de outros tipos de armas.
Doces, docinhas... A primeira arma contra a ilusão, a segunda, a favor da vida.
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