De mim suor frio escorre e um tremor toda me prende. Mais verde que erva estou - e bem morta, por bem pouco, pareço... Mas tudo é para ousar... fr. 31 V
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Cazuza para pensar, para amar, para se orientar
Gosto de Cazuza exageradamente.
Ele foi um gênio radical, autêntico, com um cérebro processador de luzes... velocidade... acima do comum. Admirável intelecto, militante da acidez, de opinião sincera e declarada ao mencionar tais frases, célebres pensamentos convertidos em letras de música, dono de discursos artísticos e políticos, vibrador natural, e suas masturbações mentais não deveriam jamais ser esquecidas:
QUERIDO DIÁRIO
(TÓPICOS PARA UMA SEMANA UTÓPICA)
Segunda-feira:
Criar a partir do feio.
Enfeitar o feio.
Até o feio seduzir o belo.
Terça-feira:
Evitar mentiras meigas.
Enfrentar taras obscuras.
Amar de pau duro.
Quarta-feira:
Magia acima de tudo.
Drogas, barbitúricos.
I Ching.
Seitas macabras.
O irracional como aceitação do universo.
Quinta-feira:
Olhar o mundo
com a coragem do cego.
Ler da tua boca as palavras
com a atenção do surdo.
Falar com os olhos e as mãos
como fazem os mudos.
Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
e procurar uma nova.
(Só as mães são felizes).
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
por quem não merece.
É como escrever poemas no papel higiênico
e limpar o cu
com os sentimentos mais nobres.
Domingo:
Não pisar em falso.
Nem nos formigueiros de domingo.
Amar ensina a não ser só.
Só, fogos de São João, no céu sem lua.
Mas reparar e... não pisar em falso.
Nem nas moitas dos metrôs, nos muros e
esquinas sacanas comendo a rua.
Porque amar ensina a ser só.
Lamente longe, por favor.
Chore sem fazer barulho.
LEMBRE-SE DE MIM
Se você vir um par de sapatos, um para cima outro pra baixo.
Ou um surfista elegante de sociedade.
Se você sentir que está ventando demais e não tiver agradável.
O vento que estava tão bom,
então lembre-se de mim
com minha hipocrisia.
Um amor como o nosso está fadado a acabar.
E eu já não tenho mais fôlego pra soprar a fogueira.
Você parece barata tonta, envenenada por Rodox.
E teu barato já tá muito descoordenado.
E desse jeito não vai dar.
Então, se você vir um tarado na escada,
lembre-se de mim.
Um vira-lata emocionado,
lembre-se de mim.
Lembre-se de nós e a nuvem alaranjada.
Lembre-se de nosso amor.
Com as decisões que tomamos juntos.
Das nossas músicas malucas.
E esse talento de tomar a cena de assalto.
Pagamos o preço, por não sermos medíocres.
Lembre-se disso quando for falar mal de mim.
Lembre-se da nuvem e da luz
alaranjada no lustre do quarto.
Saia desta vida de migalhas.
Desses homens que te tratam
como um vento que passou.
Caia na realidade, fada.
Olha bem na minha cara.
Me confessa que gostou.
Do meu papo bom.
Do meu jeito são.
Do meu sarro, do meu som.
Dos meus toques pra você mudar.
Mulher sem razão.
Ouve o teu homem.
Ouve o teu coração.
No final da tarde,
ouve aquela canção
que não toca no rádio.
Pára de fingir que não repara
nas verdades que eu te falo.
Dá um pouco de atenção.
Parta, pegue um avião, reparta.
Sonhar só não tá com nada.
É uma festa na prisão.
Nosso tempo é bom.
Temos de montão.
Deixa eu te levar então.
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar.
Mulher sem razão.
Ouve o teu homem.
Ouve o teu coração.
Batendo travado
por ninguém e por nada.
Na escuridão do quarto.
Na escuridão do quarto.
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