domingo, 31 de outubro de 2010

Descobri que me amo demais, descobri em mim minha paz

Descobri sem querer a vida...
31 de outubro, dia das bruxas, dia das descobertas, dia de eleger um novo presidente para a República Federativa do Brasil. Dilma ou Serra? Brincadeiras ou travessuras? Açúcar ou sacanagem?
Não importa qual dos candidatos. Mergulhados em inúmeras histórias, em virtudes atuais, em passados que os condenam, em escândalos armados ou em baixarias à parte; não importa, é sempre tudo igual.
Temos que votar em um candidato, temos que casar, temos que ganhar dinheiro, temos que isso, temos que aquilo. Embora não seja bem assim que a banda toque.
Portanto, quem anula o voto faz besteira, exerce uma cidadania idiota, era melhor nem ter se deslocado. Uma pessoa se despenca até um colégio eleitoral para contribuir com nada?
Mas, quem escolhe entre uma opção e outra, entre o número 45 e o número 13, faz quase nada também. Um presidente não vai mudar muito. Quem consegue desmontar um cenário sozinho?
Porque nós, nós, nós, nós... Nós uma ova; eles, Dona Dilma.
Porque assim como a Dona Maria, como o Seu José, como a Dona Fernanda, come o que, Serra?
Nossa raça, aliás, todos os seres vivos da Terra, inclusive a própria Terra, a massa faz parte de um planeta de comedores em potencial. Compulsivos.
Atire a primeira pedra quem não imagine comer ninguém. Até o Serra imaginou. Coitado, brincadeira. Não ganhei doce dele, então, fiz uma pequena travessura que não doeu nada. Por causa da comida, por isso o dia das bruxas é uma data interessante.
É o dia dos vampiros e os vampiros existem, somos nós mesmos, só que mortais.Enfim, me arrumei toda bonita, vestido azul marinho, justinho em cima, soltinho embaixo, não vou contar a lingerie, pois a era da exposição até que é válida, tendencial digamos assim, mas tem limite; coloquei uma sapatilha nova, de estampa floral, linda, um broche vermelho para cobrir o decote V do vestido que já mostrava o sutiã e eu não queria isso, hoje eu estava de mocinha comportada, apesar das unhas pintadas de azul claro e dos olhos exageradamente carregados no rímel. Só não coloquei, mas bem que calcei pra ver como ficava, um tênis all star preto, cano longo, com um desenho de caveira em cada um dos pares, sendo que num deles, há um piercing de caveirinha costurado no tecido de lona do all star, adoro falar all star..., penteei os cabelos longos e escuros, mas deixei secá-los ao vento para dar um leve ar de despenteado, passei um pozinho no rosto e um batonzinho rosa, peguei meu carrinho fofo prateadinho e de Patricinha Underground, como já fui rotulada, rótulo esse que me acompanha há anos. Difícil me libertar dos diversos títulos desta propaganda. A marca já está registrada. Só mudando de endereço pra poder registrar uma nova.
Selos de qualidades variáveis conforme o padrão de vida de cada cidadão.
Mas.. Assim caminha a humanidade...
Só sei que depois de votar, resolvi não ficar na rua, pensei em telefonar para inúmeras pessoas, mas conversei com meus botões: - Pra quê?
Se alguém quiser que me ligue. Chega de buscar companhia. Chega de ficar igual a uma lagarta me arrastando, pedindo: - Por favor, me ajude; por favor, vem dançar comigo; por favor, faça parte do meu show; por favor, vamos dar boas risadas; por favor, me ouça; por favor, eu posso te fazer feliz. Basta.
Tem hora que cansa. A lagarta está virando borboleta e aprendendo que pode ser bonita e feliz sozinha, andando no meio de tanta gente que tem olhos, boca, nariz, orelhas, pés, mãos, pelos, suor, salivas, coração, intestino, estômago, umbigo, e que sendo iguais, vivem em outros mundos, comendo e mordendo diferente, disfarçando-se de satisfeitas para evitar concluir que a vida é bela, mas é também um terror e como já dizia Jean Paul Sartre: “A vida é um pânico num teatro sem chamas.” Eu corrigiria Sartre: - Pra mim, a vida é um pânico num teatro em chamas.
Voltei pra casa, linda, aterrorizada, chamuscante e cheguei à conclusão: - Meus livros são minhas melhores companhias, meus maiores companheiros. Posso viajar com eles no meu carrinho de Patricinha sozinha inteligentinha arrumadinha gostosinha alegrinha, me hospedar num hotel e ser abordada por um pangaré caçador de vampiras que ainda não se tornaram lésbicas, abusar de sua força bruta, eu dar uma "livrada" na cabeça dele, correr e me hospedar em outro lugar.
Os livros têm mil e uma utilidades que vão de arma de defesa do corpo à arma de defesa da mente.
Eu metralho com palavras.
Tomara que o novo representante do Brasil distribua muitos livros ao invés de outros tipos de armas.
Doces, docinhas... A primeira arma contra a ilusão, a segunda, a favor da vida.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Por isso curto lacinho de fita com caveira

Gosto de laços, gosto de caveiras, gosto de gatos, gosto de cadeiras
Uso all star porque depois de certa idade, alguém me ensinou a gostar
Uso jeans porque cresci vendo todo mundo usar
Uso legging porque descobri que as magras podem e devem ousar
Sou fã de Vivienne, aquela estilista punk
Sou fã de Mcqueen, aquele estilista das caveiras
Sou fã de Hercovitch, aquele estilista que também segue esta tendência há tempos
Visto roupas indianas, londrinas, italianas, espanholas, portuguesas, brasileiras
Faço parte de um mundo que está no fim, mas que reconhece que depois do fim vem de novo o começo e o recomeço
Não tenho medo de errar nem de dizer sim pro que vier me ferrar
A vida já é o próprio ferro e nada mais me espanta
Apenas porque sei que sou um biscoitinho doce recheado de pimentinha ardida e se quer saber... não ardo nem os olhos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O simples ato de dizer não

Dizer não.
Maria diz que lhe custa, lhe dói.
Madalena diz : Quando tenho que fazer isso é tão difícil...
Lisandra fala que está aprendendo a passos lentos, muito lentos, e reflete que quanto mais a pessoa nega, mais ela ganha. Nos sentimentos e não nas coisas materiais.
Renata completa o raciocínio: Ao passo que quanto mais retemos e seguramos, mais perdemos.
A vida não tem mesmo significado, como já dizia Charles Chaplin. A vida é desejo.
Desejos, ilusões.
Paulo gosta de enganar o desejo, trair a ilusão, dominar essas forças.
Para ele, o desejo, quer ser o dominado, cabe a nós, donos do desejo , transformá-lo em personagem passivo.
Adriano fala que a história é sua e quem tem que ter atitude, atividade e vontade própria é você, não o seu desejo. Nem a sua ilusão.
Se lhes dá brecha, se afrouxa, eles te pegam pelo pescoço; com eles não há negociação, não cedem. Invadem.
Falácias.
Pessoas falam demais.
Lá vem elas:
O seu desejo é dizer não para esta vida errada que está levando, mas uma enxurrada de situações estranhas lhe vem à tona, como uma avalanche ou um maremoto e você reage de maneira contrária, dizendo sim e aceitando ser engolido pela tempestade?
Manuela fez essa pergunta para Miguel.
Priscila, que estava no meio da conversa, retruca:
Já te conheço. Sente-se desamparado, diz que já não tem nada nem ninguém, ainda pensa que não tem nada a perder, o pior é que tem.
Tem medo de dizer não achando que esse não vai te prejudicar.
Diz sim sem pensar que este sim pode ser pior.
De repente, entra em cena outra pessoa, Bernardo.
Novas avalanches, novos maremotos.
Bianca vem a seguir:
Sonhos, ilusões, desejos desenfreados.
O mais velho, Adalberto, já cansado, lança outras frases:
O ato de dizer não, para os aventureiros, soa como covardia, mas preserva por mais tempo sua paz, sua vida.
Acaba sofrendo mais quem diz sim o tempo todo.
Que jogo é esse, meu Deus?
Jogo do disse me disse.
Karina pula fora dessa jogada.
É muita maluquice junta, misturada. Muito blablablá.
E diz logo não; pronto, acabou.
The games over.
Estraga a brincadeira, estraga tudo, acabou ganhando cedo demais o jogo, sem saber as regras; mas só assim pra finalizar, senão não acabava tão antes do sol raiar.