Como fazer um conto a partir de uma nota antiga tirada de um jornal sobre notícias bizarras onde não eram citados nem nomes nem lugares.
BIZARRO NÃO É
Wang é um chinês de Beijing. Trabalha com vendas e tem trinta e cinco anos.
Afixionado por compras virtuais, descobriu, fuçando a Internet, a loja online de lingeries japonesas chamada Wishroom.
A princípio, achou que todos os produtos à venda, eram específicos para o público feminino, mas, navegando melhor pelo site, observou cuidadosamente o tal sutiã.
E pensou:
Sutiã para homens, como pode ser isso?
Claro, antes dessa pergunta, ele riu bastante. Quis experimentar e resolveu comprar.
Se não desse certo, presentearia sua esposa.
Ela aceitava tudo de bom grado; desde o casamento com ele, nos arredores de uma fábrica de fogos, colada a uma refinaria de alta periculosidade, situadas em Xangai.
Ela receberia o sutiã com talvez, mais felicidade do que quando recebeu a aliança de casamento. Wang era contrabandista.
Na verdade, ele estava querendo descobrir um novo produto para vender no mercado negro de Hong Kong.
E do Japão para a China, o sutiã masculino foi virando sensação.
Wang está solto por aí, mas nem percebeu que ele foi o precursor da inocente neo ditadura pirata.
O tempo passou. A economia mudou. E acabou que a moda e os valores do Oriente foram se invertendo.
Aos poucos, mulheres abriram a mão de usar sutiã e os homens já passeavam nas ruas da cidade com seus bustiês tamanhos P, M e G; onde as cores preta, branca e rosa tomaram grandeza, se multiplicaram. Suas tonalidades clarearam, escureceram, e nada mais poderia parar o surto dos sutiãs.
Queimá-los? Nunca mais.
Mulheres tolas.
Foi preciso um homem liberar a proliferação em cadeia dos sutiãs, para aí sim, elas acharem o máximo e perceberem que o sutiã não prendia. Ele libertava.
E podemos concluir com isso que o homem necessita mais da liberdade do que a mulher, porque ele não a nega.
Já a mulher, volta e meia nega, nega e nega.
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