De mim suor frio escorre e um tremor toda me prende. Mais verde que erva estou - e bem morta, por bem pouco, pareço... Mas tudo é para ousar... fr. 31 V
sexta-feira, 15 de março de 2019
Os cinco sentidos do nada
O que se escreve quando se pensa que já se viu de tudo?
Se sesse...
Não, você não viu de tudo ainda.
Te falta.
Há muito mais o que se ver.
Para quem fica, continua a ouvir e a quem possa interessar assistir essa louca história da vida, aqui estamos presenciando entorpecidos ou eletrificados, as causas e efeitos do viver um dia após o outro.
Micróbios, animais e vegetais, somos um todo funcionando loucamente de maneira patética, histérica, mórbida, crítica, insensata, racional, dinâmica, estúpida, eu diria até surreal, enigmática, porém ambiciosa de respostas e refém de nós mesmos.
O que faz termos amor ou raiva, estudarmos antropologia ou matemática, comunicação ou medicina, tomarmos fortificantes ou venenos, criarmos ou eliminarmos coisas?
O que nos torna seres completos ou faltando pedaços?
O que nos impulsiona a ir ou deixar, encontrar ou desencontrar, cavar ou empurrar, armazenar ou esvaziar?
Onde está o eixo de tudo?
O que ocasiona o monte e o desmonte do quebra-cabeça?
Qual o comando do universo?
Ou é o caos que realmente reina?
Para que tanta dor ou prazer?
Pra que tanto barulho?
E o silêncio? Ele responde alguma coisa?
Se o silêncio acalma as almas, por que ganhamos a visão? É para ver o horror e a beleza gritante das coisas e depois dizer chega.
Por que temos o tato? É para tocar e sentir as texturas e tamanhos, sentir dor, sentir a pressão, o calor, o frio e depois dizer basta.
E por que o olfato? Para percebermos o cheiro bom e ruim de tudo.
Para que serve o paladar? Para descobrirmos o gosto, o sabor, a doçura, a amargura, o azedume e o sal do que comemos e bebemos.
E para que serve, por fim, a audição? Seria ela o último sentido, já que o silêncio é o que nos espera, depois de tanto ver, crer e não mais crer?
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