segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Dezenove a trinta. Noves fora? Não dá conta.

Já não sei se é a Barra da Tijuca, em toda a sua extensão, ou se são os bairros do Rio de Janeiro. Um dos dois, ou ambos, estão em decadência. Neste último sábado, 20 de outubro de 2012, na virada dos ponteiros para o horário de verão do dia 21, depois de muita água desabada dos céus, busquei minha prima de 19 anos em seu trabalho de recepcionista num restaurante chique carioca. A ideia desde o início era sair para dançar.
Levei algumas peças de roupa para ela trocar. Uma calça legging preta, cheia de tachinhas, uma blusa tipo top, super justa, outra blusa de alça, estilo camisão, preta compridinha, e por fim um vestido roxinho tomara-que-caia. Nada serviu, só a legging, mas não tinha com o que combinar. Então, ela usou o vestido, que estava um pouco incômodo, com o decote caindo, e deu um jeito de colocar para compor o visual improvisado, a camisa social branca, usada antes como uniforme de trabalho. Lá fomos nós em busca de um bom lugar para balançar o esqueleto. Passamos pelas ruas mais festeiras da Barra.
Na rua das boates, a frequência estava de mal a pior. Homens com garrafas de cerveja nas mãos, bebendo o líquido pelo gargalo, desfilavam com ares de cafajeste. Os mais novos, ainda cheirando a leite, babavam ou caíam queixos ao ver passarem meninas-mulheres de tops e leggings apertadíssimos e encravadíssimos, distribuindo panfletos com propagandas de noitadas concorrentes. Quando não, eram outras meninas-mulheres que faziam fila na porta das boates, com seus microvestidinhos pretos indefectíveis, cada dia mais curtos. Será que elas compram tamanhos menores? Ou invadem o guarda-roupa das irmãs mais novas na esperança de encontrar um modelito neutro, de cor lisa, um pouco menos infantil do que aqueles floridinhos ou xadrezinhos usados pelas irmazinhas em festinhas dos amiguinhos da escola? Eu não ficaria excitada(e tenho certeza, outras mulheres também não) ao me deparar, durante o dia ou durante a noite, com um homem portando roupas de garotinho, ou do irmão caçula. Tudo curtinho e grudadinho. De onde será que a geração atual teve esse ofuscante raciocínio de que roupa sexy é aquela colada ao corpo? Não estou falando de roupa de banho e acho que nem de pedofilia, né? Cultuar carnes para o abate, de preferência filet mignon, cai melhor em açougues. Portanto, depois dessa visão do inferno, pulamos fora dali. Minha prima, de 19, e eu, na faixa dos 30 anos, concluímos que aquele cenário grotesco não era, definitivamente, a nossa praia. Então, circulamos pela orla para ver o que a maresia podia nos trazer. Trouxe nada. Tudo já estava fechando.
A noite carioca anda caidaça em matéria de lugares para dançar. Restaurantes, sim, existem alguns, mas a qualidade do atendimento é duvidosa, embora ainda haja salvação para degustações de bebidas e comidas aos paladares mais nobres. Só gostaria de saber quando surgirá um novo Redentor para agitos dançantes de nível elevado na cidade do Rio. O que vemos são luaus desorganizados (entramos num na Praia da Reserva, assim que deixamos a orla da Barra, que estava às moscas), e nestes ou nesse luau, uau, conseguimos penetrar por um vão da cerca onde os seguranças (de araque) não se encontravam. Estariam também bêbados, como muitos dos "encurralados" com seus tênis sujos, bonés e bermudas cafonas, com as periguetes rebolativas de plantão, juntamente com os flashes de suas máquinas fotográficas e as luzes azuis neon, saídas diretamente do centro da tenda, ao som de... funk. Fomos parar num luau de funkeiros. Saímos depressa dali, pelo mesmo buraco de cerca que achamos. Voltando para o carro, estacionado em frente a um trailer, assistimos uma cena animalesca. Um casal transando à vista de todos os pedestres e motoristas. Praticamente dois animais copulando. Estavam nos fundos do quiosque, ela, sentada em cima de uma montanha de cadeiras de plástico, ele, de pé, no comando e ao ataque. Minha prima perguntou: - Nossa, mas por que não foram fazer isso ali embaixo, na areia da praia? Respondi que eles, tal como os bichos, usam mais os instintos do que o bom senso. De bom ali, só a cadeirinha, pra mocinha ficar mais confortável. Enfim, disparamos pra bem longe daquele lugar.
O problema não é eu estar velha, ou ela estar nova, e ambas não aceitarmos esses tipos de comportamentos, vistos de um raio a outro de distância. O problema foi nós termos saído para nos divertir num sábado à noite e não acharmos um canto com gente bonita, bem arrumada, educada e que escutasse uma trilha sonora decente. Deixei ela em casa e vim embora, ainda sendo seguida e paquerada por um tarado numa pick up. Troquei de pista. Em outros tempos, Lulu Santos e Cidade Negra cantaram: "Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite..." Mas já se calaram quanto a isso. Esse último sábado à noite me serviu apenas para gastar alguns litrinhos de gasolina e constatar a mediocridade comportamental e o mau gosto musical da noite dançante carioca. Ou será que deixamos algum lugar passar em branco aos nossos pés, ouvidos e olhos?