terça-feira, 3 de julho de 2012

Formiga, formiguinha, formigão!

No momento estou curtindo um personagem que nunca antes havia reparado. Vou contar aqui o por quê. Primeiro começou em minhas aulas passadas de meditação. Eu não entendia o real motivo de pensar nelas. Nem por qual razão a professora de yoga quando pedia às alunas que imaginassem um animal ou mais de um para nos acompanhar em nossa jornada afora, me vinham elas. E também eles, outros insetos, insetinhos, insetões. Com asas e sem asas, coloridos, verdinhos ou pretinhos. Todos pequeninos, miudinhos. Me sentia humilhada em ver que as outras alunas da aula de meditação viam ursos, leões, coiotes, lobos, alguns sapos, de fato, algumas águias, de rapina possivelmente, lagartos, tartarugas, todos de tamanho mediano a grande. E eu, só via formigas. E mais alguns acompanhantes... cigarras, marimbondos, gafanhotos, aranhas, alguns mosquitos e também umas borboletas, mas nenhuma tão colorida. Estavam mais para mariposas e bruxas. Daí eu já entendo e tudo fica mais claro agora. Sinais, premonições, avisos, conselhos do destino ou de nosso próprio inconsciente, bem provável ser.
Enfim, estou trabalhando num lugar onde todos somos vistos como máquinas. Alfa, beta, gama, delta, épsilon, digama, zeta, kappa e por aí vai. Já viramos letras gregas. Mas como a Grécia é um dos mais famosos berços da civilização, não poderia deixar de me sentir honrada, embora tenha me formado como comunicadora e estudado para ser respeitada e vista de uma forma diferenciada dos demais, ou seja, com um ponto forte de diferencial. Só que nem tudo é como a gente quer e exatamente por isso, estou tranquila na minha "maquinez" momentânea. Virei formiga da espécie carregadora. Não desmereço essa condição. Só não tolero abusos de outros insetos. E quando se trata de um inseto venenoso, eu mostro rapidamente onde escondo o meu ferrão. É, sou uma formiga mutante. De uma espécie rara. Mexe comigo pra ver. Coloco cada um do reino animal direitinho em seu lugar e se houver persistência no desrespeito e no abuso, eu destruo, esmago, corto a asa. Porque sou formiga atômica. Formiga leoa. Formiga tubarão. Mexe comigo pra ver onde você está botando a sua mão. No lugar onde trabalho tem formiga castanha, formiga loira, formiga do cabelo encaracolado, formiga morena jambo. Tem outras, mas essas são as mais simpáticas. E dá licença, eu me incluo nelas. Existem mais de nove mil espécies de formigas catalogadas no mundo, mas estima-se que a quantidade real seja cerca de dezoito mil. Só no Brasil são mais de duas mil conhecidas. Uma sociedade organizada, que não possui nenhum tipo de liderança. Parece impossível? Não no mundo das formigas.
Mas no mundo dos formigas-humanos, a coisa toda vira um caos. Pertencentes ao grupo de insetos sociais, elas vivem em colônias. Dentro do ninho, as tarefas são divididas entre as castas e cada uma cumpre seu papel. Já dentro de ambientes de trabalho humano, será mesmo que as tarefas são divididas em castas, digo, graduações acadêmicas? E será que cada um cumpre o seu papel realmente? Fica aqui a questão. Será? Mas a resposta eu já tenho, como tive antes ao saber o por quê de tanto imaginá-las. E a resposta é: Claro que não! Nenhum humano cumpre bem o seu papel. Cumpre muito mal. Sabe por qual motivo? Porque ainda temos que aprender muito com as formigas.